A Igreja e a Grande Tribulação

Talvez não exista uma doutrina errónea que tenha sido mais prejudicial às almas dos filhos de Deus do que aquela professada pelos que supõem que a igreja de Deus passará pela "grande tribulação". Tal declaração subverte a revelação de Deus acerca da Igreja como corpo e noiva de Cristo, reduzindo o povo celestial ao nível de associações judaicas, e os priva de uma atitude de expectativa e anseio pela vinda de Cristo a qualquer momento. Tais pessoas mergulham em um ponto de vista político da vinda do Senhor, ao olharem para os acontecimentos em vez de olharem para a Sua Pessoa, ou ao se preocuparem mais com o aparecimento do anticristo do que com o de Cristo. Desta forma, as afeições, consciência e esperança da alma ficam seriamente danificadas por tal doutrina.
Entre a vinda do Espírito Santo e a volta do Senhor dos céus, Ele não colocou uma série de eventos que tivessem que se cumprir. Por isso nos é dito que os primeiros cristãos esperavam pelo Filho de Deus vindo dos céus.
A parte das Escrituras que tem sido pervertida para dar base à essa doutrina é Mateus 24. Porém, um breve exame dela mostrará que a "vinda" à qual os discípulos se referem, em suas perguntas ao Senhor, não era a Sua vinda para nós, mas a Sua vinda para Jerusalém, quando viremos com Ele e quando todo olho O verá descendo sobre as nuvens dos céus com poder e grande glória (Mt 23:39; 24:3). Aqueles que são ali mencionados passarão pela tribulação. Eles são os "Seus eleitos", que é um termo aplicado por Isaías ao remanescente de judeus consagrados.
As referências feitas nos versículos que se seguem mostram com clareza que se referem ao tempo da "angústia de Jacó" (Israel), o qual ele terá que passar e do qual será livrado: "no sábado" (v.20); "na Judéia" e "fujam para os montes" (v.16); "carne se salvaria" (v.22); "a abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel" (v.15); "grande aflição (tribulação), como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem tão pouco há de haver" (v.21). Ela é precedida pela pregação do "evangelho do reino" (v.14), não pelo evangelho da graça, conforme é agora pregado.
- Charles H. Mackintosh
(via e sabia mais das Escrituras, há quase 200 anos,
do que muitos que hoje se insinuam seus continuadores.)



